domingo, 13 de janeiro de 2013

A Estrada de Cormac McCarthy (Releitura)




Desde que li pela primeira vez, em Janeiro de 2008, “ A Estrada” de Cormac McCarthy, fui assaltada por vários figurações interpretativas do “universo” criado.

Não se trata de qualquer metáfora, mas já lhe observo uma analogia ou, se quisermos, uma antevisão de para onde a humanidade caminha inexoravelmente. Mas primeiramente o que sobressai desta fabulosa obra é a sua intrínseca narrativa que, por ela mesma, nos insere num mundo hostil com a capacidade de nos magoar e comover apenas face à forma como Cormac narra os acontecimentos.

O cenário criado é de uma desolação tão profunda, que nos assalta um sentimento de aflição devido à devastidão que pai e filho vão constatando através de uma paisagem árida, insana, onde as cinzas representam o esgotamento do planeta às mãos dos seres humanos.

No entanto o autor vai-nos dando sempre uma réstia de esperança, porém o que nos dá, tira, colocando essa esperança, a sua essência de uma forma quase inteligível, que se torna, ela própria desoladora e aflitiva. Passo a passo, quilómetro a quilómetro, pai e filho projectam os nossos medos num futuro plausível, numa caminhada para o inferno.

O mundo criado por Cormac McCarthy é assim, diria, um grito de aviso que nos incomoda e inquieta.

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