sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fio do Tempo (O) – João Paulo Oliveira e Costa


Que livro maravilhoso!

Adquiri esta obra conjuntamente com o best-seller “O Império dos Pardais” e, pese embora este “Fio do Tempo” seja o segundo romance do autor, resolvi começar por ler este primeiro porque a maioria dos acontecimentos narrados são anteriores aos acontecimentos narrados no “Império dos Pardais”.

Antes de tecer as minhas considerações, sinto-me feliz por constatar que há escritores de excelência que estão a escrever sobre a História de Portugal. Uma História riquíssima, longa e que tem muito para explorar, haja quem o saiba fazer com qualidade que, decerto, terá leitores.

Abrangendo 100 anos da História de Portugal, talvez das épocas mais importantes e venturosas da nação, o autor cria D. Álvaro de Ataíde que, no alto dos seus 101 anos de idade, contempla a cidade de Lisboa enquanto a sua mente divaga nas suas recordações.

E é através dessas recordações que nos vamos inteirar de factos que marcaram a História de Portugal e do mundo.

Tudo começa em 1414 quando o jovem Álvaro, que sonhava ser cavaleiro, se inicia no master dos prazeres carnais com Filipa de Andrade, mulher de pouca castidade e de vícios perversos.

A partir daí, a espaços entre o presente (ano de 1500) e o passado, D. Álvaro vai recordando a sua vida e as suas proezas.

Em 1414 reinava D. João I e é já em 1415 que D. Álvaro de Ataíde toma parte na tomada de Ceuta, iniciando-se aí a expansão portuguesa que está na génese dos Descobrimentos.

Agora imagine-se a riqueza dos acontecimentos narrados por D. Álvaro, personagem fictícia é certo, mas cujos episódios são reais e atestam a magnificência e influência que este pequeno país soube alcançar no séc. XIII.

Pertencendo à Casa de Viseu, cujo senhor em 1415 era o Infante D. Henrique, D. Álvaro torna-se um cavaleiro temido e respeitado no reino, conselheiro do próprio infante, ele dá-nos uma visão clara da política da casa real, dos interesses que colocaram duques no trono em simultâneo que salpica a história com um pozinhos de misticismo, introduzindo assim a cultura trazida pelos escravos de África.

Um romance histórico excepcional que nos cativa pela simplicidade da escrita, da estrutura e pela objectividade da narrativa, não se perdendo em considerações ou teses, simplesmente ele narra os factos conforme a História os conhece, dando-lhes sim um tom algo aventureiro digno das façanhas dos seu narrador.

Confesso ser esta uma das épocas que mais me fascina e a Dinastia de Avis aquela que mais aprecio. Talvez isso tenha ajudado a ter gostado tanto do romance, porém é inegável a imensa qualidade do texto.

1 comentário:

WhiteLady3 disse...

Eu adorei O Império dos Pardais e só o posso recomendar. Este veio logo para casa assim que soube que estava à venda mas está em fila de espera para ser lido. Ainda ontem olhava para ele e pensava que o tenho de ler em breve. :)