domingo, 19 de outubro de 2008

Dissolução - C.J Sansom


1531, Henrique VIII, soberano inglês, apaixona-se por Ana Bolena e, sendo este casado com Catarina de Aragão, resolve solicitar ao Papa a anulação deste casamento para assim poder desposar Bolena. Porém, o Papa recusa e Henrique VIII, numa atitude insólita de revolta contra a igreja papista, faz-se proclamar Protector da igreja inglesa. Em 1534 anuncia o “acto da supremacia” que faz saber aos súbitos que se devem submeter a essa nova ordem ou então seriam excomungados e perseguidos, ou seja, quem fosse papista teria os dias contados. Nasce assim a Reforma religiosa na Inglaterra.

A partir de 1535, é eleito como vigário-geral Thomas Cromwell, um homem que havia subido na cadeira do poder como apoiante de Ana Bolena e que é precisamente ele o responsável principal pela acusação de adultério que a levará ao cadafalso, mas Thomas Cromwell empreende uma política conhecida como a dissolução de mosteiros que continuavam a seguir a doutrina católica de veneração a santos e relíquias, algo que a reforma considerava absoleta e anti-reformista. Porém não se pense que não havia outros e maiores interesses, os mosteiros possuíam tesouros incalculáveis, para além de terras que o rei queria para ele.

É pois este o cenário do livro que me proponho aqui alvitrar. Um livro que considero excelente , escrito por C.J. Sansom, um jovem advogado que tem aqui o seu baptismo.

“Dissolução”, como a palavra deixa entender, é um romance policial-histórico sobre um processo de dissolução de um mosteiro, com o fim de extinguir e pilhar todos os bens do mesmo, no entanto esse trabalho teria sempre que ser realizado de uma forma segura e cuidadosa, pois caso contrário e como na época a reforma ainda estava em fase de implementação junto do povo, poderia desencadear uma revolta popular que nem o rei nem Cromwell pretendiam, pese embora e isso é um facto histórico, os mosteiros e os abades residentes terem má reputação junto dos vilões e aldeões.

É pois num mosteiro de Scarnsae, na costa sul de Inglaterra, que vem a notícia do homicídio brutal de um dos comissário do rei. Cromwell convoca então Matthew Shardlake, um conhecido e reputado advogado, entregando-lhe a incumbência de investigar e descobrir o assassino e, ao mesmo tempo, fazer tudo para levar o abade do mosteiro a assinar a carta de capitulação e assim ter motivos para encerrar o mosteiro.

Quando Shardlake e o seu jovem ajudante chegam a Scarnsea, descobrem um local pouco religioso, cheio de vícios e de condutas menos próprias para abades...

Através deste breve texto, facilmente poderá constatar que “Dissolução” tem um argumento muito semelhante ao “Nome da Rosa”, não só enquanto romance histórico mas e principalmente, como tendo como cenário um mosteiro e um crime aí praticado. Porém são épocas completamente distintas e não tenho dúvidas em afirmar que com “Dissolução” se aprende mais sobre a época em causa.

Obviamente e isso para mim foi claro, que o escritor se baseou um pouco no “Nome da Rosa”. Há toda uma variedade de situações que na verdade fazem lembrar o romance de Eco, no entanto não se julgue que “Dissolução” se trata de um pseudo-plágio do romance de Eco, não, este “Dissolução” é muito bom porque não só nos descreve uma época turbulenta, como também é, enquanto policial, cativante, com situações de suspense bem conseguidas, personagens sólidas e descrições vivas e bem reais.

É também um romance leve, com capítulos curtos e concisos, nunca é maçudo e nunca cai, mesmo quando o escritor explica a época e a situação política e religiosa, numa madorra erudita, algo que torna o “Nome da Rosa” num excelente livro, é um facto, mas de difícil leitura. Este não, é um excelente livro.

8 comentários:

Rock In The Attic disse...

Li este livro há já algum tempo, e também gostei.

Gostei do blog!

Rock In The Attic disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro disse...

Ainda espero ler "O Nome da Rosa" em breve!

Como gostaste, fiquei com o título assinalado, e sendo um romance histórico merece logo uns lugares à frente...

NLivros disse...

Viva.

É de facto um bom romance histórico que, não só pela época e pelo cenário, faz lembrar o "Nome da Rosa".

Sandra Dias disse...

*Shame on me*
Este é um daqueles livros que está na estante à meses.
So many books... so little time :-/
Sandra
Vidas Desfolhadas

NLivros disse...

Olá Sandra.

Don't worry, comigo passa-se o mesmo, aliás, tenho livro que estão há anos na estante a aguardar, pacientemente, que os leia.

CICL disse...

Também adorei este livro, existe do mesmo autor o Fogo Negro igualmente genial!:)

Lilian Rio Branco disse...

Eu me encantei com o conteúdo deste livro. Genteeee eu li tão rápido que bateu deprê quando eu vi que tava acabando. rsrs
Super Recomendo!!!!

By Lilian Silva
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